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O tempo

        Estava sentado na cadeira alaranjada, defronte ao notebook. O calor era insuportável, e quem disse que o ventilador virado para sua cara daria conta? Excruciante. O quarto nem era pequeno, e tinha uma parede maravilhosamente tingida de verde-limão. Era o diferencial. Estava pouco escuro, com as luzes apagadas. Luz natural, só.
        A janela ficava logo ao seu lado esquerdo, a um metro mais ou menos. Uma janela simples, grande, de quarto, daquelas com grade. Sabe, a gente tem que se proteger de alguma forma.
        Lá fora, o sol de rachar clareava o jardim e até ofuscava a vista. Os olhos doíam só de pensar em olhar naquela direção. A árvore troncuda, verdinha, linda, encontrava-se exatamente em frente à janela. Era fácil ver os pássaros virem até ela pegar gravetos ou arrancar um pedacinho de sua casca. Estava ali e todo mundo via.
        Mas estava quente. Quase 40 graus era o que os jornais haviam anunciado. Umidade relativa do ar? O que é isso? A cidade está em estado de emergência há dias.
Olhou pra fora, encarando a claridade.
        –Seria bom se chovesse.
        Um estrondo. Um flash de brilho intenso o cegou por milésimos de segundos, e uma tempestade de vento e trovoadas caía do lado de fora de sua casa.
        Ouvia-se barulhentos “toc”s no telhado.
        –Mas o que é iss-
        Olhando pela janela, pedras de gelo que mais pareciam pedregulhos despencavam do céu. Uma lagoa já se formava nos pedaços gramados do quintal. O vento já remexia nas telhas da casa vizinha. Era visível.
        –Pare com isso, pelo amor de Deus!
        Um som de flash de câmeras fotográficas antigas, como um “puff”, soou. Olhou e a chuva parou. O vento parou. As pedras pararam, e podia vê-las estáticas no meio do caminho, quase a tocar o solo. As árvores permaneceram tortas, e suas folhas são se mexiam. Cessou a tempestade. Parou o tempo.
        Seu corpo não se movia, só seus olhos viam. Sua boca dizia:
        –Acabe com isso, por favor!

1 comentários:

Fabiana disse...

Haja sol para tudo isso!
Quando estamos quase derretendo aparece a chuva.
Aqui, pelo contrário, está tendo nuvem de poeira.... um horror.

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